sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Quatro crianças indígenas morrem por surto de diarréia em MG


Desde o início de janeiro, 94 casos de diarréia aguda foram registrados em comunidades do povo Maxakali, em Minas Gerais. Crianças de até cinco anos, das aldeias Pradinho e Água Boa, localizadas no município de Bertópolis, nordeste do Estado, foram internadas em hospitais da região. Quatro delas morreram. A suspeita é que o surto de diarréia tenha sido provocado pela ingestão de água contaminada, situação que já ocorreu há três anos e continua sem respostas. Na época, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) já acompanhava o povo Maxakali e, de fato, nada de concreto foi feito para descobrir a causa do surto.Entranha-se ainda o fato de que o maior número de ocorrências tenha acontecido justamente na aldeia Pradinho, tida como aldeia modelo, onde se concentra boa parte da assistência da Funasa, Funai e prefeitura de Bertópolis. A negligência da Fundação Nacional de Saúde em tratar o tema de maneira preventiva e esclarecedora, pode ter sido um agravante.Durante oito dias, os moradores da aldeia se viram obrigados a retirar água do rio, mesmo sabendo que esta não era própria para consumo, pois a bomba que retira água do poço artesiano havia quebrado. A resposta da Funasa à solicitação da comunidade para o conserto ou substituição da bomba demorou mais que o esperado.De acordo com Adalberto Maxakali, de Pradinho, a presença da Funasa na área é esporádica, o que não possibilita um atendimento efetivo e eficaz. Em decorrência disso, em vários momentos, moradores vizinhos à comunidade prestam socorro de urgência a quem necessita de atendimento médico. Ainda segundo Adalberto, nem mesmo a ambulância que foi destinada ao atendimento dos Maxakali chegou à região.Diversos problemas são apontados pelas lideranças durante o atendimento às crianças infectadas, o que para eles está relacionado à falta de preparo dos funcionários da Fundação. Muitas mulheres e familiares das crianças internadas receberam tratamento inadequado na Casa de Saúde Indígena (Casai). Alguns, inclusive, sendo empurrados pelos seguranças ou vendo as crianças jogadas em macas dos hospitais.Outro fator que pode ter contribuído para o surto de diarréia é a forma com que é servida a sopa fornecida pela Funasa. De acordo com lideranças da aldeia Cachoeirinha, ela é servida em uma vasilha grande, que é colocada no chão para que as pessoas se sirvam utilizando garrafas pets cortadas ao meio. Vale ressaltar ainda que o alimento já chega frio e com aspecto desagradável às aldeias, visto que é produzido em locais distantes da comunidade.Situação AtualDe acordo com nota divulgada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na última terça-feira (09), a situação está sob controle, com apenas uma internação verificada e a alta médica de 12 das 36 crianças internadas nos cinco hospitais da região.O órgão divulgou ainda que providências foram tomadas para acabar com o surto, medicamentos e cestas básicas foram encaminhados às comunidades atingidas, bem como uma força-tarefa, que tem o objetivo de verificar a ocorrência de novos casos e orientar a população. Equipes médicas do Departamento de Saúde Indígena (Desai) também estão fazendo investigações para descobrir a causa do surto e acompanhamento dos casos já registrados.
Fonte: Cimi (Conselho Indigenista Missionário)

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